terça-feira, 20 de maio de 2008

ARQUIVO PPT - VANESSA - PSICOPATOLOGIA

lPSICOPATOLOGIA
lProf. Dra. Vanessa de Albuquerque Citero
lSUMÁRIO
qPsicopatologia
§Atividade intelectual elementar (sensopercepção)
§Atividade intelectual superior (pensamento, linguagem)
§Atividade cognitiva (consciência, atenção, orientação, memória)
§Afetividade (afeto, humor)
§Vontade (volição, psicomotricidade)
üDefinição
üFunções
üAlterações
qAplicação clínica da psicopatologia
üExame psíquico
üCritérios diagnósticos
lKARL JASPERS
"O objeto da psicopatologia é a atividade psíquica real e consciente. Queremos saber o que os homens vivem, sentem e como fazem; queremos conhecer a extensão das realidades da alma. Queremos examinar não só a vida dos homens, mas as circunstâncias e as causas que a condicionam, aquilo a que se vincula, todos os aspectos que apresenta. Mas não se trata de toda a atividade psíquica: só a patológica constitui nosso objeto de estudo."
Jaspers K. Allgemeine Psychopathogie, 1913
lKARL JASPERS
qAs vivências são compreensíveis a partir
q da biografia, como reação a evento estessante
Reação a elemento externo desencadeador, responsável pela provocação do transtorno mental, de forma compreensível e relacionado com características de personalidade do paciente
qda personalidade, como desenvolvimento da personalidade
Desenvolvimento refere-se ao que surge em direta conexão evolutiva com a história da personalidade do indivíduo
qdas rupturas, como processos em descontinuidade
Processo refere-se à alteração patológica que surge sem clara relação ou nexo causal com a personalidade pré-mórbida, de forma não compreensível, ainda que explicável
lA CONSCIÊNCIA E SUAS ALTERAÇÕES
qDefinição:
qconhecimento compartilhado com o outro e por extensão, “compartilhado consigo mesmo”
qO todo momentâneo da vida psíquica
qCondição de estar desperto, acordado, vigil e lúcido (nível de consciência) e de focar (campo da consciência)
qCapacidade do indivíduo em entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer os objetos.
lALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA CONSCIÊNCIA
Quantitativas: rebaixamento do nível
qObnubilação da consciência
§Rebaixamento de grau leve ou moderado
§Paciente pode estar sonolento ou aparentar desperto
§Diminuição do grau de clareza sensorial
§Diminuição da concentração
§Dificuldade para compreensão
§Dificuldade para integrar as informações sensoriais provenientes do ambiente
§Perplexidade
§Pensamento incoerente
qEstupor
§Acentuado rebaixamento de consciência
§Paciente permanece desperto somente por estímulos
§Sonolência
§Psicomotricidade inibida
qComa
lA ATENÇÃO E SUAS ALTERAÇÕES
qDefinição:
§é a direção da consciência, o estado de concentração da atividade mental
qAlteração quantitativa
§Atenção voluntária Þ Tenacidade
§Atenção espontânea Þ Vigilância
lA ORIENTAÇÃO E SUAS ALTERAÇÕES
qDefinição:
§Expressão objetiva da lucidez psíquica
§Amplitude e claridade dos processos da consciência
qAlterações
§Orientação alopsíquica
qTempo
qEspaço
§Orientação autopsíquica (identificação)
qAtividade do eu
qUnidade do eu
qIdentidade do eu
qOposição do eu
lA MEMÓRIA E SUAS ALTERAÇÕES
qDefinição:
§Capacidade de registrar, manter e evocar os fatos já ocorridos
qA capacidade de memorizar relaciona-se intimamente com o nível de consciência, atenção e interesse afetivo
q A memória é composta por três fases:
§Fase de percepção, registro e fixação
§Fase de retenção e conservação
§Fase de reprodução e evocação
qDefinição:
§Constitui-se a partir de elementos sensoriais, embora não sejam propriamente intelectivos
§podem fornecer substrato para o processo de pensar: imagens perceptivas e suas representações
qElementos constitutivos do pensamento:
conceito
juízo
raciocínio
qProcesso de pensar:
curso
forma
conteúdo
Alterações dos elementos constitutivos
qAlterações de conceitos
§Alterações dos conceitos
§Desintegração dos conceitos
§Condensação dos conceito
qAlterações do juízo
§Juízo deficiente ou prejudicado
§Juízo de realidade alterado (delírios)
qAlteração do raciocínio
§Pensamento concreto
§Pensamento prolixo
§Pensamento derreísta: pensamento mágico (não obedece à lógica e à realidade)
Alterações do processo de pensar
qAlterações do curso do pensamento
§Aceleração do pensamento
§Lentidão do pensamento
§Bloqueio do pensamento
§Roubo do pensamento
qAlterações da forma do pensamento
§Fuga de idéias
§Afrouxamento da associações
§Desagregação do pensamento
qAlterações do conteúdo do pensamento ...
qAlterações do conteúdo do pensamento (Delírios)
§Perseguição
§Depreciativos
§Religiosos
§Sexuais
§Poder, Riqueza ou Grandeza
§Ruína ou Culpa
§Hipocondríacos
qDelírios primários ou idéias delirantes verdadeiras
qDelírios secundários ou idéias deliróides
qIdéias prevalentes
qSensação:
§Fenômeno elementar gerado por estímulos físicos, químicos ou biológicos, originados dentro ou fora do organismo, produzindo estímulos nos órgãos receptores
§Visuais
§Olfativos
§Gustativos
§Auditivos
§Táteis
§Cenestésicos (sensações somáticas)
§Cinestésicos (sensações motoras)
qPercepção:
§Tomada de consciência pelo indivíduo do estímulo sensorial
qO elemento básico do processo de sensopercepção é a imagem perceptiva real, caracterizada por:
§Nitidez
§Corporeidade
§Estabilidade
§Extrojeção
§Ininfluenciabilidade voluntária
§Completude
Alterações qualitativas da sensopercepção
qIlusão é a percepção deformada de um objeto real e presente
§As ilusões mais freqüentes são as visuais e auditivas
§As ilusões ocorrem principalmente por :
1.Rebaixamento do nível de consciência
2.Fadiga grave ou diminuição marcante da atenção
3.Estados afetivos (ilusões catatímicas)
qAlucinação é a percepção clara e definida de um objeto, sem a presença do estímulo real
§As alucinações podem ser:
Auditivas Visuais Táteis Olfativas
Gustativas Cenestésicas Cinestésicas
qDefinição:
Dimensão psíquica que dá "cor", "brilho" e "calor" a todas as vivências humanas.
qDomínio amplo:
qHumor ou estado de ânimo
qDefinição:
qEstado emocional basal no qual se encontra a pessoa em determinado momento
qDisposição afetiva que penetra toda a experiência psíquica
qÉ determinado pela
qIntensidade
qDuração
qExcitabilidade
Alterações do humor
qQuanto a regulação da intensidade:
hipertimia (exaltação patológica)
eutimia (normal)
hipotimia (retraimento patológico)
qQuanto a regulação da duração:
qDisforia (oscilação)
qQuanto a regulação da excitabilidade:
qIrritabilidade emocional (predisposição à raiva e ao furor)
q Afetividade
q Definição:
q tônus emocional que acompanha uma idéia ou vivência
q O componente emocional de uma idéia
q Intrínseca relação com sensopercepção
memória
pensamento
vontade
Alterações da afetividade
qApatia: estado de indiferença ou esvaziamento afetivo
qEmbotamento afetivo: ausência de nexos afetivos
qAmbivalência afetiva: coexistência de estados emocionais incompatíveis, de forma cindida, desagregada.
qPuerilismo: estado de regressão ao comportamento infantil
qTranstornos motores de origem orgânica (neurológico)
§Acinesias - movimento
§Ataxias - coordenação
§Apraxias – execução
qTranstornos motores de origem psíquica
§agitação psicomotora
§agitação maníaca
§agitação ansiosa
qTranstornos motores de origem neurológica e psíquica
§Tiques: movimentos de certos grupos musculares de forma repetitiva, impulsiva, estereotipada
qVontade (ato volitivo)
§capacidade de exercitar-se livremente, deliberar, escolher e realizar atos voluntários
§interação entre aspectos intelectivos e afetivos
qFases da atividade voluntária normal:
§desejo: etapa afetiva
§intenção (propósito): etapa afetivo-cognitiva
§Deliberação: etapa cognitiva
§Execução: etapa psicomotora
qAlterações quantitativas da vontade
(alteração não controlável da energia volitiva)
§prejuízo do desejo e da intenção
§hiperbulia (aumento da capacidade de atividades espontâneas, da iniciativa e da disposição)
§hipobulia (diminuição da capacidade de atividades espontâneas, da iniciativa e da disposição)
§abulia (ausência de vontade)
§prejuízo da execução
§Apragmatismo: incapacidade de dar seqüência aos pensamentos e agir de acordo com o que se pretende
P.L., sexo masculino, 22 anos, solteiro, cursando Engenharia.
Sofreu um acidente de motocicleta, com traumatismo cranio-encefálico. Apresentou hematoma subdural que foi drenado nas primeiras 24 horas após o acidente.
Imediatamente após o procedimento cirúrgico evoluiu com quadro de intensa agitação noturna e irritabilidade. Falava continuamente, via animais, não reconhecia as pessoas e mostrava-se assustado com a equipe que o atendeu, pedia para saírem de sua casa. Achava que iam matá-lo. Assustava-se com qualquer barulho no quarto, sempre sobressaltando-se.
Pela manhã mostrava-se mais calmo, conversava com o médico adequadamente e referia não se lembrar do que lhe acontecera à noite. Também não se recordava do acidente.
Consciência: rebaixamento do nível (paciente não recorda do ocorrido, tem flutuação da percepção da realidade)
Orientação: no espaço prejudicada (achava que estava em casa), no tempo não referido
Atenção: espontânea aumentada (assustado,com sobressaltos), voluntária não descrita
Memória: avaliação prejudicada pelo rebaixamento de consciência)
Pensamento: curso acelerado (falava continuamente), forma não referida, conteúdo paranoide (assustado com equipe, achava que queriam matá-lo)
Sensopercepção: alucinações visuais (via animais)
Considere o seguinte relato de um paciente:
“... sinto-me muito bem, tão bem que seria capaz de qualquer coisa, você quer ver...como eu faço qualquer coisa? Eu posso tudo, afinal, eu sou o rei, eu posso mandar qualquer um fazer o que eu quero ... veja só aquele carro vermelho na rua ... é meu, todos os carros são meus ... você quer um? eu dou um carro se você quiser...porque eu adoro carro, quando fui no autódromo ver a corrida no domingo eu cheguei perto da Ferrari... e o guarda não deixou eu entrar no box, eu estou ferrado ... não levo a ferro e fogo ... o fogão de minha mãe está quebrado ... eu vou dar outro pra ela ... olha só meu relógio ... tá velho demais ... quero um novo ... um não muitos ... todos ... você gosta de relógios? um rolex? vamos dar um rolê por ai e ver o que há ...”
A situação descrita reflete alteração de pensamento, sugerindo aceleração do curso, frouxidão de laços associativos, com nexo a partir do som das palavras e não a partir das idéias, podendo ser considerada que a forma apresente fuga de idéias. O conteúdo é delirante, de grandeza.

•Paciente M.A., 18 anos, casada com 1 filho de 6 meses, vendedora.
•Procurou PS de ORL no final da tarde, acompanhada do marido. Queixava-se de “rouquidão, dor de garganta, dor para engolir e um pouco de falta de ar”.
•Quadro iniciara subitamente há 1 dia. No exame evidenciou-se edema de laringe ++/4, com discreto comprometimento da epiglote. HD: edema de laringe angioneurótica por infecção viral.
•Indicada a internação da paciente, por risco de rápida evolução para edema de glote e asfixia.
•Com relutância, a paciente aceitou a internação (assustada). Iniciada a administração endovenosa de corticóide.
•A paciente chegou a dormir por cerca de 3 horas, acordou com o movimento normal da unidade. Ficou um tempo olhando para o ambiente, aparentando estranheza, começou a chamar pela paciente no leito ao lado e a gritar com ela: “Larga a minha bolacha. Mãe, ela ta roubando as minhas bolachas, mãe. Mãe!!!”. A enfermagem se aproximou, tentando acalmá-la. A paciente, então, continuou gritando, dizia que eles não iriam matá-la, que sairia dali. Dizia que eles iriam roubá-la, que não eram enfermeiros como estavam dizendo, mas um bando de patifes disfarçados. Olhava o tempo todo para o chão, assustada, e fazia um movimento de afastamento com a mão. Perguntada o que estava acontecendo, a paciente dizia: “tirem o cão, olha o cão”. Neste momento, um dos enfermeiros a segurou e disse que era para ela se acalmar, pois já estava ofegante, com lábios arroxeados e havia perdido a veia. A paciente começou a se debater, gritando: “eles vão me matar”. A paciente, então saiu correndo e pulou da janela, fraturando os tornozelos.
•Paciente chegou bem no hospital. Quadro psicopatológico de inicio abrupto (= organicidade)
•Rebaixamento do nível de consciência (percepção alterada da realidade, diminuição da clareza sensorial)
•Orientação espacial alterada (não sabia que era hospital)
•Atenção voluntária prejudicada (não focava sua concentração no que era dito)
•Memória: não é possível avaliar, antes do episódio era normal
•Pensamento: curso acelerado, frouxidão de laços associativos, conteúdo paranóide
•Sensopercepção: alucinação visual
• Humor: exaltado, em função do conteúdo paranóide
•Afetividade: sintônica com a vivência da paciente e congruente com o humor
•Psicomotricidade: aumentada
•Vontade: preservada, mas com certa puerilidade
•Paciente do sexo masculino, 19 anos, natural do Pará, solteiro, foi internado em São Paulo para investigar anemia, cansaço e dores no corpo há 6 meses.
•Atualmente, no 50º dia de internação. Diagnosticada, no 7º dia de internação, leucemia mielóide aguda.
•Nos primeiros dias de internação o paciente se apresentara comunicativo, sempre andando pelo corredor da enfermaria e bem disposto apesar do desconforto físico.
•Após ter recebido o diagnóstico e orientação terapêutica (6 meses de quimioterapia e transplante de medula óssea após a remissão da doença) o paciente adotara a atitude de passar o dia na cama, com o rosto coberto e o quarto escurecido, não aceitava tomar banho pela manhã, irritava-se com a enfermagem, preferindo fazê-lo no final da tarde, sozinho. Demonstrava irritação com a mãe e irmã, que o acompanhavam, e queixava-se de insônia. Com os médicos mostrava-se colaborante, porém angustiado, pedia para ir embora e se irritava com a demora do procedimento. Indagado sobre o câncer, o paciente dizia “não estar mais ligando para o diagnóstico”, ter ficado muito chateado no primeiro dia, mas agora o que importava era que estava em tratamento. Apesar disso, sentia-se mal com os remédios, enjoado, sonolento e indisposto. Nesta situação ficava lábil emocionalmente, ansioso. Negava se sentir triste, dizia apenas não querer pensar no caso, se pudesse dormir pelos próximos 6 meses direto, acharia ótimo, pois estava ansioso para tudo acabar. Preferia não receber visitas.
•Paciente sem antecedentes psiquiátricos prévios, após diagnostico apresentou
•Consciência preservada, sem alteração de orientação, atenção ou memória
•Pensamento de curso normal, forma agregada e conteúdo normal
•Sensopercepção normal
•Humor depressivo (embora negue tristeza), com tendência a fácil irritabilidade e ansiedade
•Afetividade sintônica com o pensamento, congruente com humor
•Psicomotricidade aparentemente normal
•Vontade: negativismo ativo (não quer receber ninguém, quer ficar só, leve prejuizo do pragmatismo (banho)
•Paciente de 16 anos, sexo feminino, trazida para PS da cirurgia por ter sido atropelada. Apresenta leves escoriações, não teve perda de consciência, está lúcida, com fundo de olho normal. Não permite realização dos exames devido a intensa agitação. Aparenta gravidez de 4 meses. Paciente fala continua e rapidamente:
Médico – como você se chama ?
Paciente – chama azul, a cor da sua blusa azul viaja pelo tempo, no caminhão o homem me pegou, pai não apanhar mais pai.
M (interrompendo) – você está grávida ?
P – grávida do Espírito Santo, colocaram o caixão na máquina do tempo.
(para o médico) Moço bonito, fica olhando para a minha coxa (levanta a saia e dança) pai mandou matar, mandou matar, fugi para matar (paciente ri) barriga grande, o homem enfiou um bebe aqui dentro (fica quieta, olha para o lado) nao, nao fala assim… nao sou vagabunda
M – com quem voce está falando?
P – com eles.
M- eles quem ?
P- (ri) os do caixao, vao enterrar o bebe do homem
M- voce sabe onde está ? Que dia é hoje ?
P- (olha para o lugar) é um hospital, vao matar o bebe, como eles vao me matar, vou virar a virgem (chora)
•Consciência preservada
•Atenção espontânea (distrai-se com produções internas) e voluntária rebaixada (médico tem que chamar atenção para que ela focalize)
•Orientação espacial preservada
•Memória: difícil avaliar
•Pensamento: acelerado, desagregado, com conteúdo paranóide, talvez religioso
•Sensopercepção : sugere presença de alucinações auditivas, que comentam o que ela faz
•Humor: disfórico
•Afetividade: dissociada das idéias e vivencias relatadas
•Psicomotricidade: aumentada
•Vontade: puerilidade ?
qUso clínico, educacional e científico
qPadronização de conceitos, definições e diretrizes
qClassificação Internacional de Doenças
§Versão 10 (1992): CID-10
§OMS
§Referência dos outros critérios
§Uso clínico, educacional e assistencial
§Transtorno mental: capítulo 5
qDiagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders
§DSM-IV, 1994
§APA
§Baseado na CID-10
§Uso científico
qUso clínico, educacional e científico
Padronização de conceitos, definições e diretrizes
¯
construção do diagnóstico
¯
Definição de categorias diagnósticas (modelos de patologia)
qO que é doença mental?
§síndrome ou padrão de comportamento psicológico que tem significado clínico: causa sofrimento incapacidade ou prejuízo no funcionamento
§Etiologia neurobiológica, psicológica e comportamental
Nobre de Melo AL. Psiquiatria. Vol I, Editora Guanabara-Koogan, 3 edição.1986.
Dalgalarrondo, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Artmed. Ed. Porto Alegre, 2000

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